Objetivo é definir requisitos que devem constar da solicitação de propostas enviada às empresas interessadas em participar do processo de aquisição do satélite brasileiro
Fonte: Agência Força Aérea, por Tenente Carlos Balbino Edição: Agência Força Aérea – Revisão: Capitão Landenberger Fotos: Sargento Bruno Batista/CECOMSAER
De hoje (4) até quinta-feira (7), integrantes do Grupo de Trabalho do Projeto Carponis-1 se reúnem, em Brasília (DF), para analisar os requisitos e definir os principais pontos da solicitação de propostas que será enviada às empresas interessadas em participar do processo de aquisição do primeiro satélite brasileiro de sensoriamento remoto de alta resolução espacial. A reunião, realizada na Comissão de Coordenação de Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE), na sede do Comando da Aeronáutica, conta com a participação de vinte especialistas da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro, da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA).
Na abertura da reunião, o presidente da CCISE, Brigadeiro do Ar José Vagner Vital, apresentou um panorama do projeto. O oficial-general compartilhou o portfólio atual de capacidades de sensoriamento remoto óptico do Brasil, falou sobre os requisitos preliminares do sistema em relação aos segmentos espacial e terrestre, além das possibilidades de participação nacional.
Ao reforçar a importância do trabalho dos integrantes do grupo envolvido na definição dos requisitos técnico-logístico-industriais (RTLI), o oficial-general utilizou imagens obtidas por satélite – antes e depois da tragédia ambiental de Brumadinho (MG) – para mostrar como o uso delas pode favorecer a ação rápida e influenciar o tempo de resposta em casos de emergências e gestão de crises e desastres.
O Brigadeiro Vital aproveitou a ocasião, ainda, para comentar sobre a capacidade brasileira de sensoriamento óptico de alta resolução em relação a outros países da América do Sul, como Peru, Chile e Venezuela. Após comparar os cenários, ele apontou o impacto econômico direto mostrando como é hoje, com a compra de imagens providas por outros países, e como seria futuramente, com a aquisição de um satélite nacional.
“Essa é uma fase muito importante para o projeto. Depois de definirmos os detalhes do que nós queremos para a solicitação de propostas, tanto tecnicamente, industrialmente, e em relação à logística, treinamento e conteúdo nacional, ficamos aguardando apenas a luz verde do governo em termos de orçamento, e de plano plurianual, para, em um curto espaço de tempo, selecionar a melhor proposta que atenda aos anseios do Brasil”, afirmou o presidente da CCISE depois de apresentar o planejamento orçamentário e o cronograma financeiro estimado.
Ainda de acordo com o oficial-general, a previsão é de que a contratação do projeto, que está na fase de viabilidade (análise das alternativas tecnológicas, benefícios e magnitude dos riscos), ocorra ainda no primeiro semestre deste ano. Antes disso, todos os requisitos definidos pelo Grupo de Trabalho ainda precisam ser aprovados pelo Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER).
CARPONIS-1
O Carponis-1 é o primeiro satélite brasileiro de sensoriamento remoto de alta resolução espacial e faz parte das constelações do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que integra o Programa Espacial Brasileiro. Ele tem capacidade de gerar imagens coloridas com resolução igual a um metro ou menos, ou seja, com mais qualidade, nitidez e precisão, em comparação com as imagens providas pelo satélite sino-brasileiro, o CBERS-4, que pode somente prover imagens em preto e branco com resolução máxima de cinco metros. A previsão é que o satélite seja colocado em órbita até 2022.
No âmbito da Defesa e Segurança, o satélite proverá o apoio de inteligência nas operações militares em território nacional e internacional, sobretudo, com a identificação e monitoramento constante das áreas utilizadas para práticas ilícitas, como as áreas de fronteira e de alta criminalidade nos grandes centros urbanos. Já como exemplos de utilização por outros órgãos governamentais, destacam-se o monitoramento e a fiscalização mais precisa de áreas de desmatamento, o suporte à produção agrícola e o apoio à fiscalização fundiária.